No universo das grandes invenções, a criatividade tem impulsionado milhões de registros em bancos de patentes ao redor do mundo. Mas hoje, vamos destacar algo muitas vezes pouco lembrado: a presença e a contribuição das mulheres nesse cenário. Com suas observações, intuições e soluções geniais, elas assinam invenções que transformaram o cotidiano e impactaram gerações. Viva a todas as mulheres pelas suas grandes participações no universo da criatividade! Quando a observação se transforma em invenção A criatividade não é um dom distante. Ela nasce do olhar atento, da percepção de uma necessidade e da vontade de resolver um problema real. Ao observar com cuidado, muitas mulheres descobriram lacunas no cotidiano e transformaram essas observações em invenções que mudaram o mundo — e continuam a inspirar. Mary Anderson e o limpador de para-brisas (1903) Durante uma viagem de bonde em Nova York, Mary Anderson notou que o condutor precisava parar constantemente para enxugar o para-brisas em dias de chuva ou neve. A visibilidade comprometida era um risco real para motoristas e passageiros. Da observação nasceu o limpador de para-brisas, patenteado em 1903: um mecanismo acionado de dentro do veículo que limpa o vidro continuamente. Uma ideia simples, mas que salvou incontáveis vidas e se tornou indispensável em todos os carros do planeta. Florence Parpart e a geladeira elétrica (1914) Em 1914, a norte-americana Florence Parpart recebeu uma patente de refrigerador elétrico moderno. Sua invenção ajudou a transformar a forma como os alimentos eram conservados, substituindo os blocos de gelo que dominavam as casas até então. É importante lembrar que outros inventores também contribuíram para o desenvolvimento da geladeira elétrica na mesma época, como Fred W. Wolf Jr. e Nathaniel B. Wales. Mas Florence se destacou por ser uma das primeiras mulheres a assinar uma patente nesse campo e por impulsionar a popularização do aparelho. Assim, seu nome representa não apenas uma invenção essencial, mas também a quebra de barreiras em um universo dominado por homens. Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich e o escorredor de arroz (Brasil, 1959) Às vezes, a genialidade está na simplicidade. Foi o que provou a brasileira Therezinha Zorowich, em 1959, ao criar e patentear o escorredor de arroz. Na época, preparar arroz era trabalhoso: exigia tempo, cuidado e improviso para escorrer a água quente sem acidentes. Com seu invento, Therezinha transformou um processo complicado em algo prático, seguro e acessível. O escorredor de arroz se espalhou pelas cozinhas brasileiras e se tornou um item indispensável no dia a dia. Um exemplo claro de como a criatividade aplicada a problemas simples pode gerar soluções universais. Anna Luísa Beserra e o Aqualuz (Brasil, 2019) A engenheira ambiental baiana Anna Luísa Beserra desenvolveu o Aqualuz, um sistema sustentável de purificação de água da chuva usando apenas energia solar. Simples, de baixo custo e altamente eficaz, o dispositivo é capaz de garantir água potável para comunidades rurais que não têm acesso à rede de abastecimento. Sua invenção rendeu reconhecimento internacional: em 2019, Anna recebeu o prêmio Young Champions of the Earth, da ONU, sendo a única brasileira premiada nessa edição. Exemplo inspirador de como a observação de uma necessidade real, aliada à ciência e ao compromisso social, pode transformar a vida de milhares de pessoas. Criatividade no dia a dia O que essas histórias têm em comum? Percepção de uma necessidade: observar o que incomoda ou limita a vida das pessoas. Desejo de solucionar: transformar a frustração em ação criativa. Impacto real: invenções simples, mas que mudam rotinas, vidas e até sociedades. A criatividade não é privilégio de gênios ou de poucas pessoas iluminadas. Ela está em todos nós, esperando o momento de se manifestar. Cada incômodo é uma pista. Cada dificuldade é um sinal. Cada problema é, na verdade, um convite para inovar. 💡 Não espere a grande ideia cair do céu: comece observando o que está à sua volta. E quanto a você? Qual detalhe do dia a dia ainda lhe incomoda? O que poderia ser reinventado por suas mãos? Que contribuição única você pode deixar para o mundo? Porque a próxima grande invenção pode nascer da sua mente, do seu olhar, do seu gesto. E POR QUE NÃO?